segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Che Guevara, uma filosofia de vida e algumas meias-verdades

Hoje voltei para casa com uma idéia na cabeça, conseqüente de uma conversa que eu ouvi. Nada necessariamente relevante – como de costume - mas vale o texto. A pseudo-opinião de sempre, vá lá.


Pois então. Uma parte da conversa girava em torno de Che Guevara, outra parte relacionava a instrução de alguém com seu posicionamento político e a categorização disso em bom ou ruim. Em suma, o cubano argentino era um imprestável (um ponto de vista justificado, veja bem) e muitas críticas à esquerda comunista pairavam no ar.


Antes de continuar, vou dividir com meu hipotético leitor a música dos Beatles que está tocando enquanto escrevo. John Lennon canta sobre campos de morangos e afirma sem rodeios: “nothing is real”.


Certo, nada é real, e eu retomo meu raciocínio. Comecemos pelo revolucionário que dá nome a esse texto. Como poderíamos enunciar qualquer opinião justificada sobre ele, por assim dizer, se nosso conhecimento sobre o assunto é necessariamente parcial e subjetivo?


A questão é que qualquer fonte existente é parcial e subjetiva. Qualquer livro será feito a partir de versões que têm influencia da ideologia, da memória seletiva e da opinião do autor. Isto é, não será a verdade absoluta.


E é aqui que eu queria chegar. A conversa não se restringe ao tal Guevara; tudo o que você pensa se baseia em falácias. A sua opinião muda em alguma coisa, então? Se estivermos sempre contornando verdades que não são verdades, então nenhuma discussão será necessária. Nenhum ponto de vista será válido para ser tomado como orientação, e talvez isso faça as coisas mais simples.


Talvez, penso eu, a concepção disso permite que você ache o que quiser. Porque mesmo que alguém venha te questionar, é bem provável que este alguém esteja tão certo quanto qualquer outro. “Misunderstanding all you see”, cantam os Beatles.


Então pense o que quiser, use aquela camiseta com o “Che”, faça o que bem entender. Só não diga que você está certo, e pense muito antes de tomar algo como verdade. Sócrates ficaria orgulhoso.


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E antes que eu me esqueça, a filosofia de vida, se quiserem chamar assim. Como você não está preso a nenhuma certeza, posto que tudo é subjetivo e talvez ninguém nunca chegue a essa “verdade absoluta”, você pode tomar também qualquer coisa como o motivo da sua existência.


Coloquemos assim: não é necessário procurar por uma resposta para a vida, as respostas estão todas aí. Só é preciso achar a sua pergunta. “Strawberry fields forever”, e entenda como quiser.

"What? No, seriously, what?"




mp3: The Beatles – Strawberry Fields Forever


Resumo pro Volkmann: Che Guevara pode ser um mártir ou um grandissíssimo filho da puta, não importa. Como qualquer outra coisa, não existe verdade absoluta e você pode achar o que quiser. Inclusive, pode adotar essa idéia como filosofia de vida.