sábado, 31 de outubro de 2009

A Liberdade de Expressão e o Twitter


Então,esse texto não foi escrito pro blog; ele vai ser publicado em algum lugar em breve e a princípio não é pra dizer onde. Fuck it, aí vai e espero que vocês gostem.

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Entre um minuto perdido e outro na internet, eu sou avisado pelo Twitter sobre mais uma atualização dos meus contatos. Ou das pessoas que eu “sigo”, nos termos do site. Com a curiosidade de quem finge que não tem nada melhor pra ler, percebo que se trata de mais uma frase sobre algum desejo ou pensamento trivial de algum conhecido aleatório e fico revoltado com a nossa futilidade mútua.

É como se eu quisesse mesmo saber se Fulano não queria que estivesse chovendo ou se Beltrano está indo ao supermercado. Temos aí o melhor exemplo de que as pessoas fazem uso da sua liberdade de expressão como elas bem entenderem e que não necessariamente todos temos algo pra dizer.

Mas vamos por partes. Para definir do que estou falando, o Twitter é uma rede social online em que os usuários interagem entre si por mensagens de até 140 caracteres. O que aparenta ser uma idéia sem muito potencial acabou revelando-se como a objetividade que as pessoas procuravam naquilo que liam na internet, seja sobre seus amigos, seja sobre o resto do mundo.

Pode ser uma grande manifestação da preguiça alheia, mas faz sentido pra quem não quer perder tempo algum. Esse texto, por exemplo, seria resumido em par de frases e um hipotético leitor teria evitado perder alguns minutos da sua vida.

E não perder tempo algum é realmente o atrativo aqui. Os jornais “O Globo”, “CNN”, “The Economist” e até a “Al Jazeera”, para mencionar alguns, fazem parte dessa rede. Significa que qualquer seguidor desses usuários pode ter um resumo do que está acontecendo ao redor do mundo com uma breve lida em sua página inicial.

Há ainda o exemplo do Irã, que censurou qualquer manifestação contra as eleições que ocorreram no país na primeira metade de 2009, mas que foi exposto para o resto do mundo graças a pessoas que escreviam através do Twitter. Protestos online, por assim dizer, e a orquestração de protestos na vida real.

Mas seria mentira se eu dissesse que a maioria dos usuários brasileiros faz qualquer coisa parecida. Nada de jornais e nada de manifestações; de fato, o líder da lista dos mais seguidos no Brasil é o Mano Menezes, técnico do Corinthians. O resto da lista segue esse padrão de relevância.

E agora eu volto ao meu ponto inicial. É uma minoria de pessoas que tem algo relevante pra dizer e que quer ler algo sério. Isso, ligado à possibilidade de dizer o que quiser, faz com que o site em questão seja um mar de futilidade.

O que temos aqui, então, é uma conclusão bem aparente. Se o que você procura é um resumo das noticias, tudo bem. Mas em se tratando de dividir os seus pensamentos prosaicos com o mundo, acho que há coisas melhores pra fazer. A máxima permanece quase inalterada: desligue o Twitter e vá ler um livro.

mp3 - Travis - Writing to Reach You

@volkmann
:Twitter tem uma utilidade muito questionável, e mesmo com a pequena possibilidade de usá-lo decentemente, ninguém o faz. Sim, eu sei, novidade.