domingo, 13 de março de 2011

Filosofista

(Alerta de texto desarticulado e desinteressante)

E aí que amanhã tenho prova de Hermenêutica (leia-se "O maravilhoso mundo da Hermenêutica"). Para aqueles não introduzidos (com e sem trocadilho) a essa matéria que é praticamente uma arte, trata-se de interpretar os textos além das palavras -- contexto histórico e geral etc.

Então, o ponto não é a matéria em si, mas uma ideia dela: diz o texto da aula que na concepção de Platão (e deve ser agora que você aí desiste de ler o texto e resolve procurar por sites de piadas), a hermenêutica mediava o terrestre e o divino na busca pela verdade - estamos falando da busca da verdade acima de tudo. Os sofistas, aqueles que te convenceriam de qualquer coisa através do papo, verdade ou não, eram os maiores, digamos, 'inimigos' dele.

E o Aristóteles (saudoso) aparentemente dizia que Hermenêutica é, na verdade, algo mais próximo da interpretação; uma tentativa de encontrar a verdade nas palavras através da razão ("A interpretação é o discurso", e por aí vai).

O meu ponto é bem rápido: acho que isso é ladainha. Não desmereço a matéria nem a Hermenêutica: faz todo o sentido querer estudar os textos e criar uma cadeira só para entender o que os textos realmente querem dizer. (Parece às vezes uma obsessão, não parece? Essa busca constante pelo que o texto quer dizer me dá a impressão de que isso o texto é mais simples do que parece e que estão debatendo coisas sem necessidade).
"Me deixa em paz, pelamordedeus!"

Fugi do assunto; o que eu ia dizer mesmo é que não há mais uma tentativa de entender mesmo o que está escrito porque agora entende-se tudo como quiser -- e ai de quem disser que não. Já diria alguém controvertido: "Ora, eu entendo isso de outra forma, e você é um nazista em insistir que meu entendimento espontâneo e maroto é errado em sua essência". Nada contra, também tenho dificuldade em aceitar que estou errado. Mas convenhamos: ninguém nunca está certo nem errado e é disso que estou falando.

Tem mais: fica pior se você tenta ensinar isso a estudantes de direito. Porque, não é mesmo?, somos salas e mais salas de estudantes que se formarão e acabarão em boa parte como advogados, sabendo que não existe uma verdade no texto; a verdade é a do teu cliente, e cabe a ti extrair da lei (e do que quer que apareça) a verdade que convém.

Falei dos sofistas lá em cima, aquele povo que era pago para convencer as pessoas de qualquer coisa. Pois é, acho em resumo que é isso aí agora. Não interessa mais qual é a verdade, mas quem ela é (manja?). E, sabe, pagando bem, não há verdade que resista. Acho até que deviam abolir essas matérias de buscar a verdade com todos os metódos científicos e recursos acadêmicos que há. Deviam criar uma nova, de saber como fazer uma verdade. Em outras palabras:

Sai a Filosofia, entra a Filosofista*.

(/Alerta de texto desinteressante)

E agora, para o seu entretenimento, um quadrinho que não tem nada a ver com o texto mas que é engraçado e malandrops :D
* Sei que o certo é Filosofisma ou Filosofística, até porque um 'filosofista' seria o oposto de um filósofo (no sentido de Platão, ao menos), e não da Filosofia. Mas o neologismo é meu e prefiro assim.