sexta-feira, 6 de março de 2009

Abaixo ao mainstream!

Olá a todos, sou Sebastião Menezes, novo colaborador deste blog; de vez em quando, palpiteiro sobre algumas coisas que acontecem ao nosso redor.


Esses dias, tomei uma decisão prosaica, sem muita importância, mas que tem um significado simbólico. Parei de assistir ao Big Brother, e com isso, me distanciei quase totalmente da maior fornecedora de cultura do país: a Rede Globo. Antes de mais nada, gostaria de dizer que não faço do grupo dos PIMBA (Pseudo-Intelectuais Metidos à Besta e Associados) e que também não sou um elitista cultural.


Não há nada como um programa kitsch para desviar nossa atenção dos problemas do dia-a-dia e das questões existenciais. Aliás, tirando o “Eu Vi na TV”, aquele programa que tinha o “Teste de Fidelidade”, e o “Programa do Ratinho”, com as “Olimpíadas Populares” (onde uma vez um cara jogou um tijolo para cima e pegou no dente), acho que nada na televisão conseguia me fazer rir desse jeito. Eu via o Big Brother para relaxar e dar umas risadas; as brigas fúteis, as ameaças ridículas e as atitudes sem noção de alguns me eram divertido. Enquanto alguns participantes do reality show são bizarros à sua própria maneira, outros criam um personagem, tentando emular características dos ganhadores prévios.


Pensando bem, emular (de qualquer jeito) não é uma prática nova na televisão brasileira, muito menos exclusiva ao programa. O próprio programa em questão foi criado para fazer frente à “Casa dos Artistas”, que copiou a Endemol, emissora autora do primeiro Big Brother na Europa, e esta, vendeu à Globo o direito de criar um semelhante nacional. Entendeu? O padrão é: copiar dos outros. Tanto faz se for da rede concorrente, da Argentina, do Inri Cristo; enfim , o negócio é plagiar. Já dizia o Chacrinha: na televisão, nada se cria , tudo se copia.


Falando nisso, e aqui entramos definitivamente no assunto do post: não só a TV, mas a cultura de massa nos últimos anos tem sido extremamente formulaica e repetitiva. Estou falando da cultura popular em geral, mas mais especificamente da música e da televisão. Não acredito naquela velha estória propagada por roqueiros antiquados de que hoje não se faz música boa; só acho que muita coisa de qualidade que está sendo feita por aí não recebe a devida atenção.


Claro, muitas vezes que é bom vem à tona, mas com outra roupagem; algo mais comercial e parecida com o que está em alta. E, na minha opinião, o que está em alta hoje chegou ao ponto de saturação. Cara, não agüento mais ligar a rádio e escutar: “Womanizer , Womanizer , Womanizer” trocentas vezes. Porra, ninguém que escuta rádio é surdo ou retardado - se o cara é mulherengo não precisa repetir isso durante a música toda. Outro exemplo clássico é aquela música que repete a palavra “Low” umas cem vezes, ou a pior de todas, do Chris Brown: “Kiss, Kiss”. Essa é tortura chinesa. E isso pra não mencionar a tendência do rock do mês, que boa ou não, você vai acabar ouvindo ad nauseum. Aqui alguns podem argumentar contra, dizendo que, quando uma tendência está em alta (tendência musical, literária ou o que quer que seja), alguns subprodutos seus de baixa qualidade (nesse caso, algumas dessas músicas que acabei de citar) acabam sendo um sucesso. Concordo , mas o que me espanta é o número desses subprodutos , inclusive cópias de músicas que são cópias, que acabam chegando ao topo das paradas. Talvez a primeira vez que isso aconteceu que eu consigo pensar foi quando o Grupo Polegar copiou o Grupo Dominó, que por sua vez, copiou o Menudo.


Qualquer semelhança não passa de mera coincidência.
OBS : Reparem como um babaca na foto do Dominó foi arbitrariamente cortado em favor de um pano e outros 3 babacas.


Na televisão é a mesma coisa. Recentemente, o Luciano Huck acusou o Gugu de plágio. Segundo ele, o Domingo Legal estava copiando a maioria dos quadros do Caldeirão. Veja bem, a rixa é antiga; anos atrás, o apresentador do SBT disse que Huck estava tentando plagiar a infame “Banheira do Gugu”. Sim, aquela mesma, onde celebridades tinham que pegar sabonetes e uma modelo gostosa tentava impedi-las. Outra rixa entre eles é o “Lar Doce Lar”, quadro do Domingo Legal que é cópia de um quadro do Huck que é uma cópia do “Extreme Makeover Home Edition”. Falando nisso, odeio quando os brasileiros tentam nacionalizar os programas americanos. “O Lata-Velha” é o melhor exemplo. Para quem não sabe, esse quadro do Caldeirão do Huck é uma versão favelada e terceiro-mundista do programa “Pimp My Ride”. Além de não ter o Xzibit (“Yo Dawg”), o quadro tem pouca duração e, sinceramente, não achei que os carros ficaram tão bons. A única vantagem do programa em relação ao original são as próprias latas-velhas. Não tem preço ver aquelas Belinas , Fiats 147 e derivados quase caindo aos pedaços.


Enquanto a programação das emissoras está forrada com atrações como as que eu citei acima, estão na TV à cabo - ou em péssimos horários de transmissão - programas engraçados (como Cilada) inteligentes (Manhattan Connection) ou simplesmente legais (Altas Horas). Para quem não sabe, a Globo até transmite Family Guy (vulgo uma Família da pesada), mas somente aos sábados de madrugada.


E isso é só a ponta do iceberg. Ao passo que programas, músicas, livros e muitas outras coisas de qualidade ficam no semi-anonimato, a Globo transmite o Faustão e a “Dança dos Famosos edição MDCLXX” ou a “Dança no Gelo” com anões indianos. É de dar raiva. Por isso, defendo uma televisão aberta melhor: let’s fight the power - nem que seja só deixando ela desligada depois do Jornal Nacional. Ou veremos grande parte do país continuando como naquela música dos Titãs: “A televisão me deixou burro, muito burro demais \ Agora todas as coisas que eu penso me parecem iguais”...


Glossário


Chacrinha: Comunicador de grande sucesso entre os anos 50 e 80. Apresentou programas de rádio e auditório de grande sucesso, como o Cassino do Chacrinha.


Menudo: Praga musical oitentista e boy band, conhecida também por revelar o Ricky Martin. A maioria de seus integrantes chamava-se Roy, Rocky, Robby ou qualquer bizarrice iniciada por R.


Dominó: Cópia da banda supracitada.


Grupo Polegar: Cópia da banda supracitada.


Resumo pro Volkmann: Resumo de cu é rola. Vão ler o post, vagabundos.

3 comentários:

  1. melhor parte: "Resumo pro Volkmann: Resumo de cu é rola. Vão ler o post, vagabundos."
    HAHAHAHAHAHHAHAHA

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  2. Pois é; como Lavosier disse: "Nada se cria nada se perde, tudo se transforma".
    Atualmente essa frase é aplicada à industria de cultura de massas.

    Mas vejamos por este lado.. Se TUDO é copiado, e nenhuma emissora que copia faliu até hoje, é porque há quem assiste. Então ao reclamar de tudo que é, foi, ou parece uma copia, porém ainda assim escutar, assistir, ou até mesmo ler cópias, estariamos sendo um tanto hipócritas.

    Nesse caso é 8 ou 80; assista big brother porque ele te faz rir.. Ou abdique das risadas em prol de um mundo mais original.
    Fazer os dois é que nem afirmar ser cristão e não apedrejar crianças desobedientes em público.. É ser hipócrita.

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  3. Com certeza. Eu estaria sendo altamente hipócrita se estivesse criticando a cultura de massa e ao mesmo tempo escutasse essas músicas na rádio ou assistisse aos programas que critiquei. Creio que deixei claro no começo do post que Big Brother para mim é passado.
    Quando disse que me distanciei quase totalmente da Globo , entenda que eu ainda assisto Jornal Nacional e vejo o Flamengo nos domingos.

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